quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Feliz eu já sou, aprendi



Verdade é que se alguém gosta de verdade de você, esse alguém só vai arrumar desculpas pra ficar junto, nunca o contrário. Se ele ama mesmo você, ele vai achar graça dos seus defeitos, vai entender suas manias e achar um charme seu temperamento difícil. Porque amar é isso, é se virar do avesso pelo outro, não querer virar o outro do avesso. Demorei pra aprender o valor do amor, e perceber quem gosta mesmo de mim. Demorei pra parar de inventar desculpas pra ausência do outro e começar a me pedir desculpas por me permitir viver com tão pouco. Mas entendi a tempo de parar de gastar meu coração e meus sonhos com quem tampouco merece meu bom dia. Agora eu guardo minha preocupação, meus esforços e meu carinho. Agora eu não remo mais sozinha, muito menos fico em barco parado. Eu pulo em alto mar. Em barco furado ? Eu nem entro. A gente aprende né ? Mais cedo ou mais tarde, aprende. A gente supervaloriza tanto certas pessoas, mas só até a gente entender nosso supervalor. Só se contenta com qualquer companhia, quem não sabe lidar com a própria. Agora são só duas opções: Me faz muito mais feliz ou me deixa em paz. Porque feliz eu já sou, e me roubarem a felicidade, eu não deixo mais.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Logo Ele..

                   
“Porque justamente ele? Ele era um vagabundo, ordinário. Um lindo ordinário. O jeito de andar era despojado, jogado. Era verdadeiramente um charme. Arrogante, estressado, idiota, com aquele olhar cativador, aquele sorriso de lado, que era assustadoramente perfeito. Perfeito. Mas porque ele? Não poderia ser o filho do açougueiro? Do padeiro? Do pedreiro? Mas era ele, aquele retardado, bobo e chato. Até o jeito de falar era diferente, cheio de gírias, palavrões. Palavrões até mesmo desconhecidos por ela. Porque não podia ter sido uma garota normal? E gostar de um garoto bonzinho, estudioso, bonito apenas. Sem aquele olhar tentador, aquele charme absurdo. E aquela pegada que ninguém mais tem. Arrepiou-se. Como ela podia gostar de alguém como ele? Não fazia nada pra agradar ninguém. Preguiçoso, estúpido, aquele tipo que não levava desaforo pra casa. Não era o tipo dela. Arrumada, maquiada, com suas roupas de marca. Perfumada, educada, toda perfeita. Ele era um vagabundo. “Deveria ter ouvido mamãe, não fique com ele!”, discutia com si mesma em pensamento. Com raiva, levantou-se da cama. Olhou novamente para ela, não iria retirar aquilo dali. Ele colocou, ele que a tirasse. Mas quantas vezes ela teria que falar? Não podia ser ao menos organizado? Atento e menos chato? Ele não era nada disso, ele era chato, e ao mesmo tempo carinhoso, mas não deixava de ser chato. Mas ela adorava isso. Sorriu abertamente, deixou-se aprofundar os pensamentos. Lembrou-se de quando ia ao seu apê, aos finais de semana, e ao chegar estava tudo jogado pelo chão, desarrumado, não sujo, mas desarrumado. Ele era desorganizado! Riu ao lembrar-se de como ele ficava desesperado quando ela chegava de repente e encontrava aquela bagunça toda, e ele catava tudo desesperadamente. “Agora não, tudo sou eu!” , pensou novamente, cruzando os braços. Era absurdamente desorganizado e chato. Um bico abriu-se em sua face. Respirou e sentou-se novamente na cama. Mas era dele o seu amor, foi com ele que viveu os momentos mais felizes de sua vida até então. Tão diferente dela, ele a completava. Era ele seu porto seguro, seu protetor, o mais chato de todos, mas era ele, quem lhe dava conselhos _ “que são uma porcaria!” , pensou aceitando os fatos, para logo sorrir. Não podia reclamar tanto assim. Deixou de se lamentar pela estupidez do amor, ela haveria de aceitar. A gente não escolhe quem amar. Ela o amava, olhou novamente para lateral da cama, levantou-se e recolheu o que tanto odiava. Todo santo dia era assim. Era aquela bendita toalha molhada sobre a cama. Sorriu. Afinal, sempre sonhou com isso. Não com a tolha molhada, mas em estar casada com ele. Dividindo o mesmo teto, o mesmo quarto, a mesma cama. Sabia que seria assim, então sorriu. Ele poderia ser o cara mais desorganizado do mundo, o mais chato, o mais besta, o mais imbecil, mas era o amor da vida dela.”

Conspirada

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Te encontrei.


E eu, finalmente, te encontrei. Te procurava havia anos, a muito tempo já vinha preparando minha vida pra sua chegada. Organizei tudo, afastei tudo o que atrasava, limpei o coração e perfumei a casa com incessos. E você, chegou, finalmente chegou. Tão do jeitinho que eu esperava que fosse, com todos os defeitos que eu adoro aceitar. Chegou e trouxe junto com você toda a esperança de um amor novinho em folha, uma nova chance de colorir tudo, de ocupar com todos os seus ares o espaço que havia aqui dentro. Logo eu, que achei que você nunca chegaria, depois de tanta demora e espera. E agora eu tenho tudo o que as princesas de contos de fadas morreriam de inveja: um príncipe só meu, cheio dos defeitos aceitáveis que encaixam minhas neuroses sem fim. Times opostos, gostos musicais diferentes, signos que não combinam segundo a astrologia. Eu esperei tanto tempo por isso, que confesso tenho medo de te perder. Porque é isso que acontece quando eu gosto demais: as pessoas resolvem partir e deixar um tanto de saudade. E, apesar de toda a insegurança, até quem me vê passar na rua sabe que eu estou amando, o quanto eu deixei o passado pra trás e o quanto valeu a pena eu investir no presente. O amor veio, te trouxe, pra ficar, pra mim. E ai dele se quiser te levar de volta. Logo eu, que só sei escrever sobre desilusões, resgatando a esperança do fundo do poço e escrevendo sobre o amor. Logo eu, que não sei nada sobre o amor, que não sei como é ser plural. Logo eu, que nem sei o verdadeiro significado da palavra reciprocidade dei pra achar que mereço te amar e ser amada da mesma forma e exclusivamente por você. Logo eu.

(De: Nathália Pereira)

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Talvez você volte, talvez não.




E talvez você volte. E então, finalmente, eu poderei te dizer tudo o que não te disse na última vez que nos vimos. Eu deveria ter te dito tanta coisa, expressado tanto sentimento, ter te mostrado a parte boa do meu eu, ter entregue a você tudo o que há de bom em mim. Mas por medo da falta de reciprocidade, eu deixei os atos e palavras escaparem, se perderem como se fossem nada, como se não fizessem diferença. E você se foi, sem nada. Sem ouvir saindo da minha boca algumas palavras que estão engasgadas na minha garganta e que, querendo ou não, você as ouviria ecoadas pelo vento em uma tarde solitária. Você se foi e só deixou um gosto de café amargo, essa saudade que preferiu se estacionar em mim. Saudade essa, que deita em teu lugar na minha cama, que insiste em ocupar o teu espaço no meu colo, que me acolhe e ao mesmo tempo, me destrói. Essa maldita saudade que quebra minhas forças, derrete o coração de pedra e traz lágrimas aos meus olhos. E agora, eu vou seguir a vida, carregando essa saudade imensa pela estrada e deixando um pouquinho em cada parada, em cada encontro. Eu vou perder, aos poucos, essa vontade do teu ser, essa esperança do retorno, esse grito pelo teu aconchego. Eu aprenderei a viver. Sem você, sem nós. Mas talvez você volte, e talvez eu já tenha espalhado toda a saudade que restara pela estrada. Talvez eu já esteja sentindo falta de um outro alguém, caminhando de um jeito novo, com um amor novinho em folha. Vai passar, eu sei que vai. Mas enquanto isso eu vou seguir, com a mesma saudade de ontem, de hoje e, se assim quiser o destino, talvez não de amanhã. Vou seguir, vou viver. Meu coração é teu, mas não acredito que por muito tempo. Vou viver, com toda essa incerteza do talvez, mas vou. Porque talvez você volte. Talvez não.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Ou vai, ou fica.






Já tinha sido assim antes, eu conhecia o fim de trás pra frente e não ia fazer as mesmas coisas, errar comigo assim de novo. Acabei de sair de um inferno, jurando que não iria arriscar entrar em outro tão cedo, aí você aconteceu e eu não consegui e nem quis evitar. Tudo que eu queria era paz, mas você me faz tão bem e eu fui ficando, gostando, me apegando demais. Eu tenho medo todo dia, todo minuto, mas eu também morro de vontade, saudade de você, então eu paro de pensar nisso tudo e acordo e vou dormir mais um dia pensando em você. Não quero namorar, casar e ter filhos semana que vem. Não queria me envolver com alguém desse planeta tão cedo. Só queria ficar parada, quietinha, pra nada me doer outra vez. Só que eu gosto muito de você, muito mesmo, de alguma forma estranha, ainda que esteja cedo pra isso, ou tarde, eu gosto demais. E apesar de tudo, eu prefiro estar com você hoje, amanhã e depois. Sem contrato de amor eterno, sem peso, sem pressão, até o dia que não der mais e só, foi bom, acabou, sou do tipo que quando decide alguma coisa, paga pra ver, se for caro, tudo bem, porque tudo passa sempre. E se você escolher passar agora, tudo bem também, eu escolho você, que fique claro. Mas se prefere ir embora, se cuida, não vou te pedir pra ficar.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

A melhor pessoa que eu já conheci










Você acreditava em coisas bonitas, pessoas bonitas, amor vencendo tudo. Era quase um personagem caído de um conto de fadas e isso sempre me assustou. Tão puro, tão exposto. Mas como poderia dar certo, eu tão tempestade, você tão brisa? Com que eu iria me irritar, se não com tuas coisas boas em excesso? Como eu ia brigar e ter crise? Ia ser injusto todos os dias. Você se doando e eu só recebendo. Eu tinha a sensação de que fui verificar minha conta corrente e tinha milhões depositados. Não me pertencia, depósito errado. Não que eu mereça menos que isso, me entenda, o dinheiro só não era meu, não fiz nada em troca disso e nem podia fazer. Não tinha amor, pele, tinha eu ali só porque qualquer garota teria sorte em estar ali, então eu ia ficando. Não aguentei o peso de segurar sua felicidade, tão idealizada e merecida. Não suportei ser a princesa paparicada, teu amor inteiro e sem cobranças. Não aguentei ser teu sonho realizado, porque sempre me achei confusa demais pra ser sonho de alguém. Pesadelo, talvez. Sonho é muita paz, muito você e eu não cabia nisso tudo. Foi assim que eu fui embora da melhor pessoa que eu já conheci. E, por mais egoísta que pareça, pensei mais nele do que em mim. Conto de fadas é tudo que eu não acredito. Ninguém precisou se corromper, rompemos. Se tem algum cara, que tenha passado pela minha vida, e eu desejo sinceramente tudo de melhor nessa vida, é ele. Já o disse, acho que ele não acreditou muito e eu entendo. Quem vê de fora ou até ele, me aponta o dedo e diz com todas as letras que eu não dei valor e ele nunca mereceu isso. Minhas amigas apelam pro "Eu te avisei que isso não ia dar certo", mas não abrem mão do "ele nunca mereceu". Dei valor sim, que fique claro. O suficiente pra deixar ele encontrar alguém melhor que eu. Percebe o tamanho disso? Eu tentei, juro mas, na verdade, eu que nunca mereci.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Cara limpa ou nada


  

Talvez ele não seja melhor, talvez até seja pior. Talvez ainda não seja ele, quem sabe pra sempre seja você. Mas ele me liga sóbrio e é assim que eu gosto: cara limpa, cara a tapa. Ele não precisa sair de si pra lembrar de mim, não precisa de dose de coragem pra ser meu. E eu não preciso ter que acordar de madrugada ou ir dormir tarde pra ouvir sua voz. Percebe? Minha opção foi múltipla escolha e as alternativas eram bem claras: Alguém ou ninguém. Não hesitei, chega. Guarda tuas desculpas, economiza teus argumentos. Não tenta me convencer que o problema é comigo, para de me fazer sentir culpada por não estar num bar qualquer numa sexta de madrugada. Porque eu passo só os domingos, segundas e todos os outros dias. E isso é culpa sua, então não inventa mais culpas que entre nós não cabe mais. Acontece que eu cansei do teu senso de humor arrogante, do teu jeito prepotente de se impor sobre mim e dizer, sempre em tom de brincadeira, o quanto é bom e as suas críticas entre uma piada e outra. Não dá mais pra eu ficar toda feliz com um elogio teu, sempre raros ou quase sempre subentendidos. Não tenho mais paciência pra esperar você parar de reclamar de saudade e vir me ver. Se você não quer perder essa mania de só me dar valor quando tá me perdendo, eu vou cuidar de fazer você dar valor de vez. Não monto mais meus planos e compromissos baseados em você e seus horários sempre cheios pra mim. Bem-vindo ao segundo plano e faz valer, porque do jeito que as coisas andam, fecho minha agenda pra você também. O cara novo, de uma semana, tem prioridade. O de um dia tá na sua frente também e os que eu ainda nem conheci. Tenho elogios, ligações e espaço em agendas todos os dias, nunca se esqueça disso! Você não quis que fossem vindos de você, amém. Mas eu, ainda assim, tenho tudo isso e mais, todos os dias. E nunca mais vou me esquecer também...